Cortante como Haneke

Cartaz de divulgação de "Amor"

Cartaz de divulgação de “Amor”

Você vai escolher. Se for assistir “Amor”, de Michael Haneke, a sensação pode ser de reflexão ou profunda tristeza. Ou os dois. Mas nada disso tirará do filme a beleza e os motivos que o levaram a ser uma dos filmes indicados ao Oscar, em cinco categorias. Além de já ter ganhado a Palma de Ouro em Cannes como melhor filme, e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.

É dolorido, não dá pra negar. O filme trata da velhice e do mal de alzheimer. Um casal de idosos só tem um ao outro para contar. Ao desenvolver a doença, o marido resolve cuidar da mulher até o fim. E faz de tudo para que ela se sinta bem.

Com uma interpretação impecável, Emanuelle Riva, de 85 anos, é uma das indicadas do Oscar de melhor atriz. E realmente ela merece vencer.

Deixando as indicações à parte, é importante dizer que o filme é cru. O cenário é um apartamento e o cotidiano, a rotina mostrada no filme, é altamente explorada para escancarar a realidade dos idosos. Com câmeras fixas e sem tantas oscilações, o filme é seco e, talvez por isso, se torne tão real.

Em meio a tudo isso, uma filha alienada ao problema, que tenta convencer o pai a colocar a mulher em uma casa de repouso. Coisa que ele nega com uma frase em que expõe o egoísmo humano.

Envelhecer não é nada fácil. Mas ao ver o filme, se torna um pouco mais difícil. Haneke, diretor conhecido por suas obras cortantes – como “A Fita Branca (2009)” e “A Professora de Piano (2000)” -, não deixa a desejar neste filme: corta como lâmina.

A beleza do filme está, no entanto, no companheirismo do casal, no amor – palavra que dá nome ao filme e faz muito sentido. “Amor” não é fácil de ver, mas também pode ser muito bonito.

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